Refletir sobre os hábitos de consumo sustentável e em como seria mais fácil organizar as coisas se desapegarmos de móveis, eletrodomésticos ou eletrônicos que não utilizamos mais tem se tornado consideravelmente mais comum. Porém, sabemos que muitas vezes o apego fala mais alto e esse pensamento é deixado de lado, né?
Atualmente existem diversas iniciativas que incentivam o desapego, que vão desde um sistema de troca e venda em um site especializado ou uma rede social. Fomentar o mercado de segunda mão, por meio de compra ou revenda, tornaram-se hábitos cada vez mais comuns.
Além de ser uma maneira de dar um novo rumo a um item, você pratica o consumo consciente, diminui o impacto ambiental no ecossistema e incentiva negócios locais.
A popularização do mercado de segunda mão
A pandemia causada pelo coronavírus gerou uma grande lacuna na economia mundial, e diversos setores precisaram encontrar um meio de ressignificar a sua atuação no mercado.
Com isso, empreendimentos alternativos surgiram durante a quarentena e os que já existiam, como o mercado de segunda mão, ganharam mais espaço, tornando-se, em alguns casos, o principal meio para a compra e venda de diversos produtos.
Hoje, quando se tem interesse em algum item, costuma-se fazer uma primeira pesquisa em plataformas de marketplace. Quando a nossa curiosidade é despertada por algo, buscamos relatos e experiências de usuários com aquele produto. Nesse sentido, lojas online como o Segunda Mão Sorocaba, ou sites como Mercado Livre e OLX, se tornam aliados nessa fase.
“A pandemia completou um ano e causou profunda mudança na vida dos brasileiros, que se reinventaram para a nova realidade. No isolamento, adequamos nossas rotinas e espaços, descobrimos necessidades e reconhecemos o que pode ser útil ou não em casa. Em um período de contenção financeira, a venda de um item já sem utilidade otimiza espaços, gera um consumo mais consciente e contribui para a sustentabilidade”, explica em nota Andries Oudshoorn, CEO da OLX Brasil.
A pesquisa "Brasil Digital: itens parados em casa'', desenvolvida pela empresa, calculou um possível retorno financeiro que os campeões de pesquisa de venda e troca na plataforma poderiam acrescentar na renda do brasileiro. O resultado é que em média um cidadão tenha ao menos R$ 4,7 mil reais de produtos sem uso que poderiam ser vendidos.
Já um estudo realizado pela plataforma de revenda ThredUp, aponta que só em 2020 mais de 223 milhões de consumidores estavam abertos para realizar, ou já haviam realizado compras em plataformas online de itens de segunda mão. O estudo também apresenta a economia e o consumo consciente como fatores decisivos na hora de efetuar uma compra.
Economia e consumo consciente
Cada vez mais o consumo consciente está em pauta quando o assunto é o impacto causado pelo nosso poder de compra. Isso porque, dependendo das escolhas feitas, a saúde e o bem-estar do planeta podem ser impactados diretamente. Mas sabia que isso pode ser diferente quando escolhemos adquirir um produto usado no mercado de segunda mão?
Primeiramente porque muitas pessoas começaram a entender a importância dessa jornada, já que um produto usado pode eliminar a necessidade da extração de material para a sua produção, diminuindo a emissão de gases poluentes nos processos.
Por outro lado, a economia do mercado de segunda mão faz com que o consumidor repense a necessidade do gasto em um item novo. Isso porque os preços são mais acessíveis e em muitos casos, com compra garantida. Além disso, a categoria também promove a economia circular e movimenta o crescimento do empreendedorismo sustentável, sustentando micros e pequenas empresas especializadas nesse modelo de negócio. Ou seja, é um mercado colaborativo que ajuda todos os envolvidos.
O “Second Hand Effect”, estudo encomendado por uma gigante do varejo no Brasil, como parte da estratégia de sustentabilidade da Schibsted, um dos maiores grupos de classificados online do mundo, mostra que em 2017 somente no território nacional, mais de 5.7 milhões de toneladas de gases do efeito estufa deixaram de ser emitidas pela compra e venda de usados pelo site.
Fora que, mundialmente, mais de 21.5 milhões de toneladas de gases do efeito estufa foram poupadas em todos os países (Suécia, Marrocos, Hungria, Finlândia, França, Itália, Espanha, Noruega, México e Brasil) em que a Schibsted opera.
O futuro do mercado de segunda mão no Brasil
O mercado de segunda mão deve dobrar até 2025, chegando a valer 77 bilhões de dólares, como aponta o estudo da ThredUp. O crescimento ocorre devido à procura e a escolha dos consumidores, além de a curadoria especializada no setor estar em constante ascensão desde 2017.
Esse crescimento pode impactar diretamente a emissão de gases do efeito estufa, reduzindo 143 toneladas até 2030. Podemos até dizer que o verde está na moda e a sustentabilidade é o palco desse grande desfile de responsabilidade e conscientização.
O mercado de segunda mão e os pequenos negócios
Existe uma verdade quase incontestável: os pequenos negócios são extremamente importantes para o crescimento da economia. Só no Brasil, mais de 50% dos empregos de carteira assinada são graças às micro e pequenas empresas. Além disso, os pequenos negócios são os mais atuantes no mercado de segunda mão - devido à facilidade do acesso às plataformas digitais e benefícios para que os empreendimentos se desenvolvam.
A lei também protege esses empreendedores!
É importante ressaltar que existem leis que têm como função proteger o pequeno empreendedor no mercado de segunda mão, e também ressalvas no CDC (Código do Consumidor). Os produtos usados, assim como os novos, também são amparados pelo CDC, mas com exceções.
Por exemplo, caso o produto tenha sido anunciado em sites especializados, como no Mercado Livre ou adquirido em loja física consolidada, o vendedor e o comprador estarão amparados por lei se algum problema acontecer durante a negociação. Isso pode proteger em uma eventual fraude ou inadimplência na compra do produto. Porém, caso a venda ocorra em grupos ou em redes sociais, essa proteção não pode ser acionada e você terá que usar de outros meios para não arcar com o prejuízo.
Fora isso, os pequenos negócios encontram no mercado de segunda mão um vasto setor comercial com grande potencial de crescimento. Basta saber usar com responsabilidade todos os benefícios que esse meio de negócio abrange.
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